Citando uma fala do filme “O Exótico Hotel Marigold” (lindo filme inglês cuja história se passa em Jaipur): “Poderia haver algum outro lugar no mundo que é um ataque tão grande aos sentidos? Aqueles que conhecem, já são acostumados… mas nada pode preparar os novatos para essa enxurrada de sons e cores. Para o calor, a multidão em eterno movimento. Inicialmente você fica muito surpreso. Mas gradualmente você percebe que é como uma onda. Resista, e ela te engolirá. Mergulhe dentro dela e você sairá do outro lado.”
É bonito não é mesmo, tão forte esse texto, tão verdadeiro, é como se pudesse sentir a Índia nele, vibrante e sábia… A segunda maior população do mundo, uma democracia “nem tão democrática assim”. 29 Estados, 7 territórios da União, mais de 21 línguas oficiais e inúmeros dialetos. Uma das maiores economias do mundo atual e também uma das maiores taxas de pobreza e desigualdade. Nunca vi tanta pobreza na minha vida e da mesma forma nunca vi tanta riqueza.

Tecnologia de ponta, ciência, saúde, diversidade! Quanta Diversidade! Cultural, religiosa, culinária, artes, arquitetura… você talvez precise de toda uma vida para desvendar tudo… ou mais de uma, um país muito complexo!

Mumbai é onde aprendi a chamar de lar, com esse ar “cosmopolita” no fundo continua sendo Índia. Com suas tradições vivas! Conhecida como a cidade dos sonhos. Pessoas de todas as partes da Índia vem para cá tentar uma vida melhor, mas sonhos não são simples de alcançar.

Não adianta resistir, reclamar, colocar defeitos, ficar mal humorado, perder a razão. E como boa capricorniana aprendi isso na marra! Na dor e na valentia. 

Em nenhum país que estive (Tudo bem que ainda tenho que ir em muitos outros países), mas de todos que fui, em nenhum, senti essa sensação tão intensa de estar vivo, de ter seus sentidos estimulados e em alerta a todo segundo. Sentir cada pedacinho do seu corpo pulsando. Esse sentimento de raiva, de gratidão, de alegria, dor, tristeza, amor, compaixão… que a Índia sabe despertar muito bem! Tudo misturado e confuso dentro de mim. Às vezes suave, mas em muitos momentos me perguntava o que estou fazendo aqui?!

A Índia me engoliu, me atropelou e quando parei de resistir finalmente emergi do outro lado… com muita resistência, com muitas provações e indignações…. engolindo seco, brigando as vezes, tendo que entender situações e pessoas que estavam muito além do meu mundo tão pequeno. É muito coisa para assimilar, compreender, ou tentar compreender… Não foi fácil, e não é fácil!

Esse ego tão grande que temos, essa arrogância misturada a confiança demais… eles também foram engolidos, dia pós dia…

Um aprendizado diário em flexibilizar meus valores e princípios. Não me anular, mas em alguns momentos abrir mão disso em prol de um bem comum.

Não abro mão dos meus princípios, dos meus valores, mas não morro por eles. Nem mato por eles. Quanta intolerância vemos hoje no mundo. Muitas pessoas achando que sabem demais, querendo demais, incapaz de pensar um pouquinho em ajudar. Às vezes um estranho te ajuda bem mais do que quem você acredita ser seu amigo… mas às relações mudam, as pessoas mudam. Podemos tentar compreender e saber de onde vem a violência, o não amor, a intolerância, a raiva. Mas muitos não querem e não fazem questão de parar e refletir. Se eu não concordo com você é motivo de discussão, cortar relações, te mato, te insulto, acabo com você, não falo mais com você, te humilho, quero te exterminar… e quantas vezes você faz isso socialmente? Quantas vezes você presencia isso? Guerras sem sentido, guerras mundiais, guerras dentro da nossa casa, entre pessoas que dizem ser família. Fisicamente, psicologicamente, moralmente, socialmente, fazemos… E quem sou eu para te julgar?

“Se o que digo para você é bom, use, se não é, jogue fora.” ensinamentos de Buda.


Não tenho a abrigação de acreditar e seguir tudo o que me foi imposto até hoje. Venho de uma família católica, fiz batismo, primeira comunhão, crisma. Mas aos poucos algo dentro de mim buscava muitas respostas… Depois aceitei convites para frequentar o espiritismo, depois convites de amigos que são evangélicos, depois veio as viagens… hinduísmo, judaísmo, islã, budismo… quantas coisas aprendi, quão diferente somos, e quão difícil entender que não nascemos com nenhuma religião já associada a nós. Um Deus tão amoroso não poderia sempre me ver como uma pecadora. Inferno, céu… um Deus tão perfeito só pode me ver tão perfeita quanto ele, pois sou parte dele, e somos todos um. Decidi acreditar em Deus, no amor supremo, não no Deus inventado pelos homens.


O meio em que nascemos e crescemos tem uma influência poderosa sobre nós. Massacrante para alguns, é como uma sentença de morte. Pessoas matam e morrem pelo seus dogmas, por teorias e tradições que foram forçadas a acreditar. Uma fé cega, uma fé que não traz benefícios. Uma fé que não questiona, uma fé que é capaz de tudo. Que é ruim para mim e para quem está ao meu redor, para quem amo. 


Por que não questionar? Por que não fazer diferente?

Por que não?

Por que não viver de forma simples, sem pensar tanto com o que os outros pensam?

Do que adianta tentar mostrar que segue algo, tradições, religiões se a cada segundo você faz coisas ruins, continua fazendo, se não existe bondade.

Por que tamanha hipocrisia?


Por que não Viver com mais sabedoria, compaixão, com mais leveza?

Pessoas estão morrendo pelo seu ego, por crenças e pela falta de amor. Por não saberem que são parte de algo muito maior, mas preferem se prender nas miudezas.


Aprendi que somos levados a verdade para a qual estamos prontos. Devo me corrigir e torcer para que também encontrem seus caminhos. Talvez ajudar, mas jamais forçar. Há infinitos níveis de consciência nesse mundo e cada um está evoluindo de uma maneira e aprendi que existem muitas formas de compreensão, que o diálogo, respeito e bom senso podem nos salvar. Se colocar no lugar do outro é fundamental, e é difícil.

Tudo poderia ser sim mais fácil, mais cordial, mais respeitoso, mas diante de tradições, religiões, costumes, ego, tudo se perde…

Fé é confiar, acreditar, experimentar, compartilhar um legado. Praticar de acordo com o que beneficia a todos. Quando ignoro os comandos naturais da vida ela cobra de você de outras formas, não há saída…. 

Não adianta querer mostrar aos outros o que não é verdadeiro. Fingir que nada acontece. Esconder a verdade…

Podemos mentir para todo mundo, mas não podemos mentir para nós mesmos.

A Índia me engoliu e continua me engolindo. Todos os dias…

Namastê 🙏🏻

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